Um garoto no limite da adolescência, no auge dos
seus ímpetos, vê sua imagem refletida no fundo de um precipício.
Lança-se sem receio num mergulho tentando apaziguar a rebeldia. Seus
ossos em distensão junto das emoções em desalinho. Sentado sobre
os calcanhares, acompanha o vento que empurra grotescamente as
cortinas da normalidade. Por um fio de abertura, enxerga a verdade
tomar forma.
Vê o mundo passeando por longas e previsíveis
estradas. Sente um forte cheiro de náuseas. A vertigem transita na
sua transformação. Assedia seus esconderijos que guardam seus
álibis e que queimam ao sol. Em duelo ininterrupto com o sono,
recusa-se à submissão do absoluto.
Era a própria figura do jovem embrulhado no papel
tênue da aventura. Esquecido entre outros gemidos, contas a pagar,
soluços e defeitos, esforços e loucuras, do tempo incompreendido de
velhas e ultrapassadas memórias, verticalizadas nas melancolias de
histórias que nunca foram escritas. Percebe o amor em frangalhos que
inutilmente cultuam. Sobram unicamente as marcas que permanecem na
pele, simbolizadas em caveiras esculpidas no peito e as cicatrizes de
erupções escavadas na face adolescente.
O nariz arrebitado presumido na sua importância
de superpoderes. A certeza de uma morte ausente ou distante da sua
pressa legítima. Nenhuma barreira conterá a força dos seus dedos
num gesto escrachado e obsceno.
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