Em plateia quase soturna sigo o roteiro de uma bailarina em seus rodopios graciosos, onde mãos delicadas trafegam no ritmo da música que ouço. Numa coreografia secreta, laços e sapatilha entregues à captura dos meus olhos brilhantes e à música imaginária. Seus passos de garça carregam a graça da melodia dos céus. Movimenta-se baixinho na frente do espelho, vestida de vermelho para contestar o rosa. Meias de seda revestem as panturrilhas torneadas e sublimes. Cabelos fixos por uma rede de renda, nas faces covas que dançam junto com seu sorriso de menina. Do corpo de porcelana, como de outros, partem sons que ouvidos sensíveis decifram...
Uma ninfa flutua a pureza dos seus movimentos. Embevecido, me agarro aos acordes da sonata e, em silêncio roubo sem qualquer constrangimento as estrelas do seu palco iluminado. As parábolas da alma estão todas ali, disfarçadas de virgem. Ao som de um violino envaidecido, faz galhofa da minha fábula.
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