Num final de tarde com o sol em declínio, as manchas encarnadas do entardecer resumem os milagres do seu corpo exposto. Com a provável aparição da lua, as estrelas em comboio parecem mais próximas. Em reverência, dispõem-se cúmplices ao meu intervalo (extremamente necessário). Esqueço por um instante do meu tamanho e, num delírio, sou Deus.
No rádio, o silêncio constrangedor é quebrado pela Marisa Monte e pela beleza indescritível do milharal de um verde absurdamente exibicionista. Hectares aos bandos, em sincronia uniforme se dobram com o agito do vento. Pela janela do veículo vejo a paz da noite que se aproxima. A natureza se derrama aos exageros em torrentes impetuosas de ostentações, com a soberba de quem tem consciência da sua superioridade.
E o que falar das memórias?
Peito rasgado pelos teus seios afiados. Nas costas, o dorso talhado pelas tuas unhas musculosas. Os vincos deixados como vestígios da posse é um traço claro da quase perda. Na garganta, as sobras do mel da tua saliva. O teu corpo insaciável, deliciosamente depositado nos desejos lascivos sugeridos nas palavras sussurradas com o hálito quente, silenciadas com a minha boca aprendiz.
O encontro selvagem com uma degenerada na selva. Sob o jeans delineia-se o volume aparente do tesão retesado da imaginação e da luxúria encoberta pela discrição. Glúteos estrepados pelos filetes das pedras e o sexo esfolado pelas estripulias, arregaçado à exaustão.
Sobrevivi.
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