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terça-feira, 19 de julho de 2011

Antigas crendices


Na minha cidade de origem, mantinha-se o hábito de colocar uma vela na mão de quem estava falecendo. Na simbologia dos mais velhos, a vela representava uma espécie de absolvição – Como se a matéria prestes a desencarnar tivesse os pecados perdoados com o ritual da superstição legitimado. Sem esse protocolo, era impossível se alcançar a salvação.

Houve um fato ocorrido há muito tempo, que um rapaz muito popular ao atravessar uma torrencial inundação foi tragado pela fúria de um rio. Com frequência, o pai dele (com a determinação de quem ama)  ainda vasculhava pontos do rio onde supostamente ocorrera o afogamento. Com uma cumbuca – espécie de cabaça, depositava uma vela acesa e devassava o curso das águas. Acreditava-se que onde o recipiente parasse, seria o local exato onde se encontraria o corpo.     

Sempre ouvia comentários sobre maus presságios caso encontrasse um cortejo fúnebre. Certo dia, voltando do colégio, ao virar a esquina, fui surpreendido com uma caravana que entoava cantos tristes e orações fúnebres. Não havia castiçais, coroas de flores nem guarda chuvas protegendo senhoras com seus chapéus cobertos por véus. Ao lado do corpo esquálido, só a dor da perda e os meus arrepios. Evidente que nenhum embasamento científico está determinado nessas superstições, ainda que acredite na sabedoria do que pouco sabemos.

                                                          




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