À minha porta ergue-se do nada uma lojinha de
souvenirs com valores tentadores. Entro e vasculho coisas de
diferentes tamanhos, cores variadas. Em súbita aterrissagem ao solo
firme da racionalidade, percebo que estou cedendo aos apelos do
consumo. Imbecilmente, seduzido por coisinhas frágeis, de plástico, e sinceramente sem utilidade. Mulheres se acotovelando,
carregadas de sacolas e o cartão estourando na carteira. Um sorriso
obsessivo de satisfação se enfia na estratégia do comércio fácil.
Com os preços hiperinflacionados dos bens
duráveis, ao invés de um veículo ou apartamento, melhor investir à
preço de banana na compra de um corpo. Na vitrine dispõem-se a
satisfação instantânea. De brinde, ganha-se a falsa impressão da
performance invejável. Em tempos de banalizações, comercializar
emoções é um mero detalhe. Vaidade inflada por quase nada.
As informações, pode-se manipulá-las, montá-las,
entregá-las à especulação, torná-las rentáveis
sob a visão de um mercenário. Espiões à espreita, ouvidos colados
à porta prontos a disseminarem suas versões. Sons vigorosos são
alardeados ao microfone em praça pública, conclamando a conivência em liquidação da oferta e procura. “Quem dá mais” reina supremo
nesse leilão controverso da superficialidade.
Por motivos fúteis mata-se, rouba-se, pratica-se
corrupção e às gargalhadas tripudia-se da impunidade.
Às avessas, ironicamente tudo é negociável.
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