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quarta-feira, 21 de janeiro de 2015

Tudo off


À minha porta ergue-se do nada uma lojinha de souvenirs com valores tentadores. Entro e vasculho coisas de diferentes tamanhos, cores variadas. Em súbita aterrissagem ao solo firme da racionalidade, percebo que estou cedendo aos apelos do consumo. Imbecilmente, seduzido por coisinhas frágeis, de plástico, e sinceramente sem utilidade. Mulheres se acotovelando, carregadas de sacolas e o cartão estourando na carteira. Um sorriso obsessivo de satisfação se enfia na estratégia do comércio fácil.

Com os preços hiperinflacionados dos bens duráveis, ao invés de um veículo ou apartamento, melhor investir à preço de banana na compra de um corpo. Na vitrine dispõem-se a satisfação instantânea. De brinde, ganha-se a falsa impressão da performance invejável. Em tempos de banalizações, comercializar emoções é um mero detalhe. Vaidade inflada por quase nada.

As informações, pode-se manipulá-las, montá-las, entregá-las à especulação, torná-las rentáveis sob a visão de um mercenário. Espiões à espreita, ouvidos colados à porta prontos a disseminarem suas versões. Sons vigorosos são alardeados ao microfone em praça pública, conclamando a conivência em liquidação da oferta e procura. “Quem dá mais” reina supremo nesse leilão controverso da superficialidade.

Por motivos fúteis mata-se, rouba-se, pratica-se corrupção e às gargalhadas tripudia-se da impunidade. 

Às avessas, ironicamente tudo é negociável.


                                                                

     


    

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