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sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Linha do tempo


 Após um suspiro, deixam escapar num quase lamento... “Ah... No meu tempo!".

Ora, qual o tempo referido?

Em represália a essa prece retrógrada, apresento meu argumento: Razoavelmente pondero: Não existe esse tempo requerido. O tempo passado pode servir apenas para amparar as saudades. Se ele trouxe a tristeza das perdas em vários segmentos, paradoxalmente ele concedeu credenciais para não voltar. O tempo presente é o agora. Mesmo sob o jugo da morte, ainda assim restaria o álibi do tempo, que embora não permita interrupção, guarda uma brecha onde pode-se trabalhar para mudar o destino da história. Esses conceitos reacionários surgem a partir de uma incompetência em conviver com o inexorável. Não se pode escapar ileso das transformações. Não se atravessa incólume às mutações impostas na cadência das horas. Há que se compreender a implacabilidade das rugas e o ônus das peças desgastadas. Mesmo que seja reinventando-se em outras possibilidades, em novas medidas e outras melancolias. Esse modelo antigo de busca às reminiscências só se sustenta com a adesão de voluntários à uma causa que o giro do relógio já proferiu a sentença.

Vamos ser atemporais! Acatar com dignidade o peso do relógio. Combater a nostalgia do que não se pode recuperar. Rasgar estatutos. Promover adendos no contrato previamente sancionado, incorporar dispositivos que ressalvem o direito de rever.

Chegará o dia em que finalmente ouvirei: “Imaginou se fosse no meu tempo?”.


                                             
          

     


    

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