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quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Nem sempre


Vias de regra as coisas nunca se configuram com base nas nossas primeiras impressões ou princípios (em formação). Ao longo da nossa vida vamos adaptando nossos limites, expandindo nossos escrúpulos. Com exceção daqueles definidos como imutáveis, muitos outros serão flexionados. As verdades consideradas definitivas sofrerão abalos, as crenças (crianças) crescerão e conquistarão autonomia. Nem sempre sou bom ou razoável. Também exerço a maldade e a loucura. Às vezes sou intransigente, arrogante e insuportavelmente caprichoso. Embora saiba reconhecer que aquilo que via era uma farsa disfarçada de vaidade, uma fuga oculta na busca incessante de ser mentira. Nem sempre acordo de acordo com o bom humor e nem priorizando a vontade de agradar. Esse compromisso em ser agradável alcança muitas vezes a indiferença. Esses traços de vilania compõem até o mais próximo da santidade. Não me joguem na fogueira!

Mudar de opinião, rever conceitos, modificar antigas estruturas, reformar verdades que fatalmente se transformarão em mentiras significa renascer, trocar a pele, o pelo, o peso, as histórias. Quando me vejo repetido em tantos enganos, tantos arrependimentos frutos de atitudes amadoras, suspiro e continuo respirando. Consequentemente cometendo outros erros e rindo dos anteriores. As falhas nem sempre são fendas fechadas. As tais lacunas entreabertas possuem brechas para negociações: Dependem de nós.

Ouvi outro dia a inacreditável história de uma mãe obsessivamente ligada ao filho sexualmente. Não posso duvidar, já que me foi apresentado provas irrefutáveis. Fico imaginando a simplicidade das minhas fantasias, do quanto sou normal em contraponto às emoções que não conheço.  Como pai, não consigo sequer supor o toque no contexto íntimo do incesto. A dubiedade entre aversão, repulsa e desejos secretos não me credencia ao conforto da sentença. Eximo-me dos julgamentos, pois o meu conhecimento ínfimo dos méritos me desobriga ao júri da questão.

Nem sempre velhos de cabelos grisalhos significam cansaço, rugas e desgaste. Podem ser revertidos em charme. Revestidos de sabedoria e segurança. Estereótipos de qualquer natureza são perigosos, vistos que nem sempre se materializam. Correspondem apenas às manifestações arbitrárias e fomentam o fermento nocivo da difamação.

Busco-me tentando saber de mim. Suspense: ou estamos em diferentes estágios ou nem sempre sou eu.

                                                                 
                                                                   







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