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quinta-feira, 17 de novembro de 2011

Estratégia


Ando um pouco cansado do aparato estratégico para fugir do convencional. Tem horas que a disposição para repetir o trajeto da conquista desgasta até o mais impreterível atleta de alcova. O truque para camuflar o bico dos seios com um band-aid não funciona mais. A intumescência pode ser disfarçada e a vulgaridade do corpo que sente pode ser aliviada, ainda assim não poderá surpreender o equilíbrio. As unhas ornamentadas de pele mostram a fúria do ciúme, o desespero do poder relativo. Fui seduzido sim pelo manejo hipnótico do teu cigarro, pelas piruetas feiticeiras que quase me levaram ao transe. Deixei-me amolecer pelo passeio suave das tuas mãos pelas pernas e cotovelos. E os pelos dourados das tuas coxas? E o perfume que corroeu minhas lembranças? E o roçar da tua língua macia nos meus dentes? E a expressão intrigante dos teus olhos sobre meu corpo entregue aos minutos seguintes? E as carícias obscenas dos sussurros aos ouvidos? E todos os desejos inundados pela libido insaciável? O cérebro acionou como estratégia a proteção: Esqueci.

Com a sensibilidade em baixa perdi a rota já estabelecida. Não pude notar as diferenças incorporadas nos teus vaidosos cabelos. Recusei-me a dividir meu tempo tentando entender suas crises, discutir assuntos emperrados, encerrados, enterrados. Em momento egoísta meus espaços afunilaram, se tornaram estreitos e propícios à individualidade. Perdão pela paciência esgotada, por não encontrar nos teus artifícios ardilosos motivos para aderir ao refúgio dos teus subterfúgios. Antes de ser dissolvido na mistura heterogênea das nossas discrepâncias, sou absolvido graças a uma medida cautelar: Inocência.

Com licença... Por não concordar com teus estratagemas, estrategicamente me retiro.






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