Para compreendê-lo preciso esquecê-lo, evaporá-lo das mais rudes atividades. Abstrair-me de tal maneira a não colocá-lo como fator opressivo, agressivo ou hostil. Não quero conceber o perdão que paralisa ou evidencia culpas e ressentimentos. Quando falhei, senti a imediata necessidade de expressar as minhas humildes desculpas. Quando me senti ofendido, muitas vezes a remissão aconteceu de forma morna, parcial ou condicionada a outros interesses (incompatível com a absolvição que acredito).
Minhas falhas não têm como serem dissolvidas. Se as cometi – seja por motivos alheios à razão, elas farão parte do curso da minha história. Estarão incrustadas no meu prontuário de forma definitiva. Caberá a mim modificá-las, transformá-las em aprendizado.
Não tenho o que perdoar. Nem sinto que o perdão se equilibre à minha volta, buscando espaço para ser aceito. A guilhotina que balança ameaçadora não tem o impulso da minha mão. Descarto nesse júri o meu voto de punição.
Perdoo os que forçadamente, toleram. Quando toleram, fazem vista grossa, disfarçam, passam por cima, engolem, suportam...
Escolhi perdoar.
Não podemos ser simplistas quando o assunto é perdão, nesta complexidade muito mais exigente para nós mesmos. Hoje reavaliando esse talento, creio que não sou tão boa como desenhei. Foram traços sem riscos calculados.
ResponderExcluirLindo texto... O seu blog é precioso.