No novo planeta onde o comando majoritário é a internet, tive que descartar a velha máquina de escrever. Num passado de duas décadas até curso de datilografia incluí no currículo. E como sinto falta do barulho das teclas! Já não uso corretivo, agora com um simples clique deleto, altero, salvo, copio, insiro... Deus quantas opções! Se as minhas idéias travaram, se a navegação está lenta, posso recarregar a página, reiniciar a máquina, ou, em último caso, substituir o software.
Meus antigos rascunhos foram parar na lixeira. Agora todos se reportam ao deus google – detentor de todas as respostas, senhor de todas as conexões (menos as minhas), juiz de todas as causas (exceto as impossíveis). Ainda não chegou à consoante maiúscula. O programa ainda necessita de atualizações.
De assombro um pedófilo assume uma identidade fictícia e entra no MSN. Sob a proteção de um falso perfil, seduz uma criança ingênua e manipulável. Os vírus, cada vez mais sofisticados colocam a divindade sob suspeita. Estelionatários encapuzados com as máscaras da vergonha se utilizam das brechas naturais das criações humanas, violam sistemas, pirateiam informações – geralmente sigilosas. Espionam senhas, corrompem arquivos, invadem sites vulneráveis. Como hackers, colocam nosso alerta em vigia. As rachaduras desse invento revelam a fragilidade dos homens.
Enquanto isso, devassos libidinosos concentram suas frustrações no sexo virtual. Na névoa do anonimato, desferem o acúmulo das suas tímidas evoluções. Escolhem a dedo ou com os dedos, a sua inspiração. Sem a negação ou a recusa, aplicam sua performance “invejável”. Até as emoções são comercializadas. A carência e solidão são prerrogativas para que se aproveitem dessas vulnerabilidades.
Só sei de uma coisa: A nostalgia pela máquina obsoleta só aumenta e o Deus que sigo só possui conexões naturais. Ainda bem que nem tudo está perdido.
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