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sexta-feira, 13 de maio de 2011

Poison


Vestido de pardo, cigarro ao meio, viajo em zigue-zague por cabanas de chope, tentáculos de vime que fumegam à passagem de moças sem cerimônia, desfilando seus decotes e fendas. Com seus cabelos ainda molhados em coque ou rabos de cavalo, prontos para serem puxados nas horas desvairadas do sexo faminto. Derrapo na linha sinuosas das cinturas. Enceno a armadilha do cortejo. Pressinto o hálito quente do perigo, mas ardem superiores e afoitos os meus instintos antropofágicos – irracionalmente disparados.

Coleção de braços perdidos, sem os abraços que procuro. Breves e resumidas frustrações, discursos evasivos contornam a silhueta de dois polvos apressados, em busca do amor nunca revelado. A procura fugitiva dos parágrafos mal elaborados.

Mistura de línguas e bocas bisbilhoteiras que vasculham compartimentos esparsos imersos nas arestas camufladas. Destilam além das farpas dos desejos que latejam, pequenos escrúpulos dos beijos reticentes da entrega.  Os lábios, macios e entreabertos, descerram a cortina de pano vagabundo. Nos frisos da nossa arquitetura, as franjas do desperdício.

Nas cinzas de manhã seguinte, as sobras dos gravetos ainda em brasa. Despertam conosco a solidão do amor arredio. O gosto destacado de amargo, a cama resfria à nossa saída, o ar refrigerado oprime e sufoca o suspiro do tédio.

E dessa forma, mais uma noite termina.

                                                                        



Um comentário:

  1. Lincoln Koichi Matsunaga14 de maio de 2011 às 20:40

    Eai jair blz...
    Cara curti muito seu blog e seus textos....

    To esperando aquela partida de futebol heim ..

    Falowww

    Lincoln Koichi Matsunaga ( Fisioterapia )

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