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segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Tempo perdido


Acordo sobressaltado com as horas que parecem voar, escapando por todas as brechas, escorrendo velozes pelos furos da minha displicência. Esfrego os olhos, calço desajeitado os chinelos, tento organizar mentalmente a minha agenda. Sem perceber (mecanicamente) faço como outras vezes... Viro escravo do hábito. Sou uma taxa significativa de repetições nesse gráfico que às vezes, ousa despertar. Essa ditadura duradoura que as regras dos homens e nos colocam plantados diante das grades intransponíveis do destino.

Meu filho, que largou as fraldas há anos, que desafiou a minha nostalgia por estar ficando além de ultrapassado, órfão. (ironicamente, sinto-o se afastando a cada namoradinha, a cada nova descoberta). Subitamente atingiu outras alturas, destinos que meus olhos mesmo em olhares espichados, não o alcançariam. Diariamente, vejo uma marca que temos em comum, se deslocar arrogante. Em contestação, tenta obstruir a supremacia dos genes. Quando brincávamos na areia de moldar castelos, antes de materializá-los, vieram as ondas e afogaram nossas criações.  Por um lado foi bom: aprendemos que a nossa engenharia era frágil. Acertos e negociações foram necessários (e de comum acordo, acordamos).

Não quero falar dos erros nem dos acertos, já eles foram tão necessários quanto inevitáveis. Sou um eterno parêntese entreaberto, maturado pelas perdas e danificado quanto às peças que me faltam. Do tempo perdido, ficou o exílio da minha saudade e a garantia estendida de outros tropeços. Permito-me (teimosamente) estar visceralmente apaixonado, mas alerto: novas cláusulas foram acrescidas no contrato. Entrou em vigor novo regimento, onde o amor desfigurado foi reconfigurado no amor próprio. 

                                                                     




 

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