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segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

Horizonte azul


Uma hora os créditos acabam. Falta paciência até para a tolerância. Fartam-se das mesmas caras, dos mesmos gestos, do mesmo tédio. Permitam-se a essas centelhas de ostensividades. Não se furtem dos direitos legítimos de divergir. Ser agradável sempre às vezes é previsível demais. Contrastando com esse despertar de cara amarrada, sisuda, acompanha irônica e livre uma massa azulada, se oferecendo inteira aos nossos limitados limites. Tão distante, tão inalcançável, tão exuberante nas suas aparições através dos milênios. Ressurge dia após dia majestoso, contrariando a acepção da palavra imutável. Anos a fio, embrulhado no mesmo uniforme. Renasce sempre otimista em zombaria aos insatisfeitos.

Eis que surge intrometido o final da tarde, vestindo confortavelmente um pijama. Além da contemplação das vívidas cores, oferece também a probabilidade vespertina dos bocejos de indiferença. O entardecer e a aproximação da noite tentam roubar a cena e estragar o espetáculo com tonalidades alaranjadas. Manchando a faixa ininterrupta de anil e buscando enfraquecer os contornos seguros e firmes da eternidade.

Interstícios, intervalos, dúvidas, competição acirrada no pódio. A natureza também produz batalha de egos. Nessa guerra não há vencedores. A disputa não se baseia no jogo de poder. Ambos se procuram, se complementam. Todos juntos, protagonistas e espectadores observamos e usufruímos dos privilégios das 24 horas.

Esse portal, aparentemente inviolável, além da função irrefutável da estética reivindica seu status de referência. Em especial aos que desconfiam da expressão: Ver para crer.


                     

                             


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