Uma hora os créditos acabam. Falta paciência
até para a tolerância. Fartam-se das mesmas caras, dos mesmos
gestos, do mesmo tédio. Permitam-se a essas centelhas de
ostensividades. Não se furtem dos direitos legítimos de divergir.
Ser agradável sempre às vezes é previsível demais. Contrastando
com esse despertar de cara amarrada, sisuda, acompanha irônica e
livre uma massa azulada, se oferecendo inteira aos nossos limitados
limites. Tão distante, tão inalcançável, tão exuberante nas suas
aparições através dos milênios. Ressurge dia após dia majestoso,
contrariando a acepção da palavra imutável. Anos a fio, embrulhado
no mesmo uniforme. Renasce sempre otimista em zombaria aos
insatisfeitos.
Eis que surge intrometido o final da tarde,
vestindo confortavelmente um pijama. Além da contemplação das
vívidas cores, oferece também a probabilidade vespertina dos
bocejos de indiferença. O entardecer e a aproximação da noite tentam roubar a cena e estragar
o espetáculo com tonalidades alaranjadas. Manchando a faixa ininterrupta de anil e buscando enfraquecer os contornos seguros e
firmes da eternidade.
Interstícios, intervalos, dúvidas, competição acirrada no pódio. A natureza também produz batalha de egos. Nessa guerra não há vencedores. A disputa não se baseia no jogo de poder. Ambos se procuram, se complementam. Todos juntos, protagonistas e espectadores observamos e usufruímos dos privilégios das 24 horas.
Esse portal, aparentemente inviolável, além da
função irrefutável da estética reivindica seu status de
referência. Em especial aos que desconfiam da expressão: Ver para
crer.
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