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domingo, 4 de setembro de 2011

Sem censura


 Sinto um misto de aflição e excitação com a tua língua preenchendo minha orelha, percorrendo os arrepios do meu pescoço, desvendando cada sussurro pronunciado por pelos eriçados e pela colisão de dentes e línguas. O cheiro afrodisíaco e indefectível dos cabelos e o toque mágico dos teus dedos assanham a imaginação e provocam as chamas da libido. Demônios e feromônios entram em cena e juntam-se a nós. Fazem nós nos nossos fetiches: rendas vermelhas e corpo nu.

Os batimentos cardíacos aceleram, os vasos se expandem, o sangue que passeia por todos os cômodos prioriza a represa de um corpo em asfixia, de um pêndulo que almeja outras alturas. A flacidez preguiçosa e sem inspiração ganha contornos, diâmetros e ereções. Pulsa com rigidez as polegadas aflitas por hospedagem. 

Na linha da cintura dispõe-se em breve repouso um objeto irracional, irresponsavelmente guiado por estímulos instintivos de animais em fúria. Em espasmos involuntários, clama por agasalho. Os gemidos soltos nos galopes da penumbra iluminam a poesia de um corpo estendido sobre as lembranças de tantos instantes censurados (menos por nós).

Por fim, cospe as sementes após o consumo das delicias de um figo de polpa doce e delicada.



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