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quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Anônimos?


Engana-se quem acha que o anonimato protege os infratores. Que sob o abrigo de manipulações escapam ilesos na sua suposta privacidade. Por acaso, a causalidade os flagra sem intenção e desproposidamente (no caso, eu). O causo pode atingir o caos de consequências impensadas, quando confiscadas por olhos mercenários. Em tempos hiperinflacionados tudo está à venda (inclusive pressupostas informações). Constrangimentos são transformados em comércio. Chantagens por vantagens apelam e pelam por maldade e diversão. À frente, compromissos são ameaçados por riscos não calculados, traições correm perigo.

Trabalhei por anos numa Empresa que parece ter sido a única. Toda a minha vida parece se resumir a uma estrutura que nem existe mais. A janela da minha sala tinha como panorama frontal um motel de luxo. Algumas vezes fui testemunha de carros de polícia em companhia de mulheres destruindo álibis de companheiros em aventuras (geralmente vespertinas).

Entre as minhas atribuições diárias, estava a administração do Departamento financeiro. Cotidianamente me deslocava a pé até a Instituição bancária nas proximidades do meu trabalho para proceder às movimentações obrigatórias. Acabei desenvolvendo vínculos entre os funcionários (alguns até íntimos envolvendo filhos, esposas e residências). Era atendido, muitas vezes por uma mulher muito sedutora, cabelos curtos, esguia, bem articulada, desembaraçada e prática. Nosso contato limitava-se aos protocolos dos nossos ofícios. O banco tornou-se uma extensão da minha casa.

Controlava a Instituição bancária um homem áspero frio e inflexível. Dado a poucas palavras, arrogante, intimidava com a postura implacável dos ditadores. Soube nos bastidores que comportava no seu perfil um primata, machista e suficientemente absoluto.

Na volta sempre apressada na retomada de mais um dia estafante, vejo um carro estacionado com dois componentes em um amasso enlaçado, longo e sem delongas. De imediato pareceu-me familiares, mas segui no encalço do que me interessava. De repente passa por mim um veículo em direção ao motel com os dois flagrados momentos atrás em preliminares de tirar o fôlego. Riam sem controle e a culpa parecia apenas pressa e excitação.

Dessa vez não tive dúvidas. Tratava-se dos dois citados nesse relato.

Não me surpreende o tesão reprimido. Só imagino que hora ou outra pessoas diretamente ligadas aos dois irão surpreendê-los. Penso mais:, nas vezes que coincidentemente encontrei pessoas que nem imaginava. Pensamento primeiro: “Ufa! ainda bem que não estava fazendo nada de errado”.

                                                                

















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