Sentada junto ao exílio
dos seus pensamentos, imersa em si mesma. Alheia a qualquer espécie de apelo externo, com as pernas entrelaçadas e o celular pousado
no colo (como a proteger um frágil bebê) Ah, o cigarro!
Não podia faltar-lhe o adereço. Movia-o entre os dedos, ainda
apagado. Sensualmente, fazia malabares em giros transversais sem qualquer sincronismo estabelecido. Queria a reclusão de estar só. Nenhuma
aproximação fazia-se interessante. Tinhas um olhar longínquo,
perdido, solitário. Fez-me arrepiar da cabeça aos pés ao sorrir
para um garçom e sussurrar com uma voz rouca, abafada:
- Por favor, o menu!
Seu semblante esforçava-se para não transparecer emoção. Eu, de um saber cá de dentro, conhecia que intimamente ocultava até de si mesma, as angústias que a cercavam e teimavam em roçar-lhe as orelhas. Deveras impertinente, o acaso zombava da sua aparente serenidade. Queria ver o circo pegar fogo!
- Por favor, o menu!
Seu semblante esforçava-se para não transparecer emoção. Eu, de um saber cá de dentro, conhecia que intimamente ocultava até de si mesma, as angústias que a cercavam e teimavam em roçar-lhe as orelhas. Deveras impertinente, o acaso zombava da sua aparente serenidade. Queria ver o circo pegar fogo!
Avassaladoramente, fui
atraído por aquela força distraída. Quando todos os holofotes
justamente se voltavam para ela, mantinha-se absorta com guardanapos.
Aproximei-me com
cuidado, driblando vagarosamente mesas e obstáculos, não perdendo
de vista o objetivo. Não queria de nenhuma maneira sobressaltar-lhe.
Num ímpeto reflexo, instintivamente viraste o rosto na minha direção.
Com um sorriso pela metade, pouco sincero, procurastes desestimular
minha ousadia. Sua postura ostensiva e inflexível abatia qualquer esboço de cantada.
Antes que pudesse
antecipar-se, lancei-me rápido e tentei embaraçar-lhe:
- Posso ajudar a arrastar a mala?
Secamente, sem levantar os olhos, devolveu:
- Posso saber do que está falando?
Prossegui:
- Não sou halterofilista, mas pensei que poderia atenuar o peso que carregas nos ombros.
- Posso ajudar a arrastar a mala?
Secamente, sem levantar os olhos, devolveu:
- Posso saber do que está falando?
Prossegui:
- Não sou halterofilista, mas pensei que poderia atenuar o peso que carregas nos ombros.
Fui incisivamente
interrompido:
- Não me venha com
psicologia de botequim!
Retruquei-lhe veemente!
- Não me interprete como uma ameaça! Meu intuito é conhecer além (bem além) de uma garota interessante. O propósito da aproximação não envolve provocar tua fúria. Insultar-lhe assim de graça me faria um sujeito idiota, estúpido.
Ela pareceu derreter a
armadura...
- Desculpe! Não quis ser grossa!
Arrematei:
- Vou
deixá-la à vontade. Sei reconhecer quando estou sendo
inconveniente.
Ao virar-lhe as contas, senti as súplicas atingir-me a nuca:
- Mas... e o seu
nome?
- Senta aqui! Vou abrir o jogo! Momentos atrás, suspeito que tenha perdido o grande e único amor da minha vida. Um abraço era tudo que eu precisava.